Brasil também registrou um aumento de 50% nos embarques de farelo e de 80% no óleo de soja, em comparação com o primeiro bimestre de 2021
A exportação de soja em grão no Brasil cresceu 260% no primeiro bimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Nos dois primeiros meses de 2022, o país embarcou 9,7 milhões de toneladas, contra 2,7 milhões em 2021, estabelecendo um novo recorde para o período.
Segundo o diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, em 2021, o desempenho da exportação da oleoginosa foi atípico.
“No ano passado, neste período, as exportações foram prejudicas por causa de um forte atraso na colheita causado pelo plantio tardio da safra 2020/21 e chuvas que dificultaram o acesso às lavouras”, explica Ferreira.
“Vamos resgatar o recorde anterior de exportação para o bimestre, que foi em 2018, quando exportamos pouco mais de 7 milhões de toneladas. Mesmo assim, neste ano, estamos muito acima deste volume, com um ritmo intenso na exportação”, diz.
Segundo o diretor de conteúdo do Canal Rural, o cenário gera uma preocupação. “Nós vamos ter uma safra menor de soja e o mercado está muito aquecido por causa do preço. No ano passado, quando o Brasil bateu recorde de exportação, nós produzimos mais de 130 milhões de toneladas de soja. Neste ano, nós já estamos falando em 120 milhões de toneladas ou menos. Isso vai afetar o consumo interno e exportação. No segundo semestre, talvez, seja preciso racionalizar o consumo, e reduzir as exportações. É preciso muita atenção neste mercado para que não tenhamos um cenário de escassez”, afirma.
No complexo soja, o cenário de exportações no primeiro bimestre também não foi diferente. Nos dois primeiros meses de 2022, o Brasil embarcou 3,1 milhões de toneladas de farelo de soja (50% a mais na comparação com o mesmo período de 2021) e 300 mil toneladas de óleo de soja (80% a mais).
“O mercado internacional vai continuar aquecido nos próximos meses, é preciso prestar atenção em como vamos nos comportar e como vamos lidar com o consumo interno”, complementa.
Trigo
Segundo Giovani Ferreira, o Brasil não terá problemas de abastecimento de trigo, em decorrência do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
“O país não é autos-suficiente em trigo e importa parte do cereal usado aqui, mas importamos da Argentina, Paraguai, alguma coisa do Canadá. A Rússia, mesmo sendo um grande exportador, não fornece para o Brasil”, explica.
O cenário, no entanto, explica o diretor de conteúdo do Canal Rural, será de aumento de preços.
“Como já estamos observando, a cotação disparou desde o início do conflito. A demanda pelo trigo vai aumentar e com isso, os preços. Isso significa aumento no preço das massas e nos custos de produção de pecuária”.