Segundo boletim da Conab, a alta cambial, os custos de importação, entre outros, são os principais fatores que sustentam as cotações
Apesar da alta oferta brasileira de trigo em razão da safra recorde, as cotações da gramínea seguem em patamares elevados. É o que revela a Análise Mensal do Mercado de Trigo, realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com o documento, a alta cambial, os custos de importação e a valorização do trigo no mercado internacional são os principais fatores que sustentam as cotações em patamares elevados.
“A volatilidade do dólar e as cotações no mercado internacional devem contribuir para um quadro de estabilidade com leve viés de alta no curto prazo para os preços domésticos. Dessa forma, o aumento da disponibilidade interna do produto provocado pela colheita no Paraná e no Rio Grande do Sul – principais produtores nacionais – não foi capaz isoladamente de causar uma redução nos preços”, explica o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen.
Em novembro, no Paraná, a saca de 60 kg do trigo pão PH 78 foi cotada a R$ 88,54, apresentando discreta desvalorização de 0,1%; por sua vez, no Rio Grande do Sul, a saca de 60kg saiu a R $82,74, o que representa uma valorização de 1%.
Exportações de trigo
A boa produção registrada neste ano também reflete nas exportações brasileiras. Espera-se um aumento nos embarques de trigo impulsionado pela escassez internacional do produto prevista para o próximo ciclo. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no mês de novembro/2021, devem ser colhidas 775 milhões de toneladas de trigo no mundo – uma retração de 0,13% em relação ao período anterior.
A despeito da pequena baixa na produção mundial, a estimativa de consumo foi aumentada em 1,02%, alcançando um total de 785 milhões de toneladas. O Brasil ocupa a 15ª posição no ranking mundial dos maiores produtores do cereal.
Importações
Mesmo com a elevação na venda do grão ao mercado externo, as importações do trigo devem permanecer nos mesmos patamares que o registrado no ano passado. O país não é autossuficiente na produção da gramínea e consome cerca de metade daquilo que é produzido internamente, comprando de outros países o restante necessário para o consumo interno. Para suprir a demanda interna, em novembro/2021 foram importadas 381 mil toneladas de trigo, 26,4% a menos do que no mês anterior e 23,4% a mais do que no mesmo período do ano passado. Deste total, 96% foi proveniente da Argentina.
Safra brasileira em 2021
Apesar das adversidades climáticas observadas durante a semeadura (estiagem e geadas), bem como na colheita (chuvas), a estimativa atual é de produção nacional na ordem de 7,8 milhões de toneladas nesta temporada, indicando aumento de 25,3% em relação ao volume colhido na safra passada.
Quanto à área, os preços em alta estimularam os produtores a aumentar a área destinada ao trigo. Estima-se que a cultura foi cultivada em 2,7 milhões de hectares no ciclo de 2021 – um expressivo aumento de 16% em relação à safra anterior. No mesmo período, a área plantada com trigo no mundo aumentou apenas 1%. Os dados estão no 3° Levantamento da Safra de Grãos, publicado pela Conab neste mês de dezembro.