O relatório do Deral indica aumento de 9% na área plantada de milho na comparação com a safra anterior, somando 2,7 milhões de hectares
O volume produzido pelos agricultores paranaenses na safra de grãos 2021/2022 pode somar 36,86 milhões de toneladas em uma área de 10,9 milhões de hectares.
A informação é do relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), publicado nesta quinta-feira (26). Se confirmado, o volume representa um aumento de 10% em relação à safra 2020/2021, que foi bastante afetada pelo clima.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, destaca que, em que pese os problemas climáticos, como frio, granizo e seca em alguns locais, o Paraná mantém a perspectiva de uma boa safra de milho safrinha, estimada em 16 milhões de toneladas. “Essa produção é importante para estabelecer um bom nível de oferta no Brasil, equilibrar os preços e também exportar”, diz. Com relação à soja, o ciclo foi concluído com 12 milhões de toneladas, quebra de 43% em relação à estimativa inicial.
O relatório deste mês ainda não mostra impactos significativos das geadas das últimas semanas nas lavouras, apenas problemas pontuais em regiões mais frias do estado que cultivam feijão e milho, explica o chefe do Deral, Marcelo Garrido.
“Num primeiro momento, não temos reflexos generalizados. Só será possível avaliar a situação com mais exatidão no momento da colheita”, diz.
O relatório do Deral indica aumento de 9% na área plantada de milho na comparação com a safra anterior, somando 2,7 milhões de hectares. Essa área deve gerar produção de 16 milhões de toneladas – 180% maior comparativamente ao ciclo 20/21, que havia sido prejudicado pelas condições climáticas.
O Norte do Paraná é a região que mais plantou milho nesta segunda safra, segundo o analista do Deral Edmar Gervásio.
Foram 981 mil hectares, representando 36% do total. Já a região Oeste tem 817 mil hectares (30%). As condições de lavoura apresentam-se boas para 84% da área, 14% têm condição mediana e apenas 2% estão ruins. Em relação às fases das lavouras, temos 14% na final, 59% em frutificação e 27% divididos nas demais fases.
Os preços sofreram uma redução de 10% comparativamente ao ano passado. Na última semana, os produtores paranaenses receberam, em média, R$ 82,69 pela saca de 60 kg.
Gervásio explica que esse cenário refletiu no abastecimento e inclusive nos preços da carne suína no varejo no primeiro quadrimestre deste ano, que também reduziram. “Provavelmente isso se deve ao custo menor do milho para o produtor, já que o grão é elemento fundamental na cadeia de proteínas animais”.
Trigo
Aproximadamente 53% da área de trigo no Paraná está semeada. Grande parte dos municípios do Norte do Estado concluíram o plantio, confirmando uma redução média de área de praticamente 10% na região, em função da concorrência com o milho. A região Oeste também está com a semeadura avançada e vivenciou situação semelhante, com uma retração de área ainda mais expressiva, superior a 20%.
“A partir de agora, os trabalhos devem se intensificar nas regiões mais frias, Sul e Sudoeste, onde a frequência das geadas inibe a presença de uma segunda safra de milho e, consequentemente, o trigo deve ter um aumento superior a 5% na área a ser plantada”, explica o agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.
Segundo ele, essa expectativa de incremento não é suficiente para compensar as retrações observadas em outras regiões, e a área tritícola paranaense deve recuar 4% com relação à safra passada, de 1,22 milhão para 1,17 milhão de hectares.
De acordo com o agrônomo, em função das lavouras não terem atingido as fases reprodutivas, as geadas da semana anterior não foram prejudiciais.
Assim, a expectativa de produção permanece em 3,9 milhões de toneladas, volume 21% superior ao obtido em 2021, quando a seca prejudicou as lavouras e foram colhidas 3,2 milhões de toneladas.
Os triticultores paranaenses receberam, em média, R$ 100 pela saca de 60 kg na última semana, valor 18% superior ao que recebiam no ano passado.
Com preços em patamares altos e chuvas nos momentos ideais para o desenvolvimento do cereal, os produtores têm expectativa de uma safra positiva, ainda que a alta nos custos de produção – especialmente nos fertilizantes – possa gerar preocupação.